O Brasil enfrenta uma crise de saúde mental. Recentemente, chamou a atenção na mídia o fato de que o País registrou em 2024 mais de 472 mil afastamentos por transtornos mentais, um salto de 68% em relação a 2023. Santa Catarina foi o quarto estado com o maior número de afastamentos por esse motivo no ano passado, com 33.461 casos.
Como resposta a esse problema, entrará em vigor a partir de 26 de maio de 2025 a atualização da Norma Regulamentadora n. 1 (NR-01), que exigirá das empresas medidas preventivas contra o estresse, o assédio moral e a sobrecarga no ambiente de trabalho. Mas essa não é a única forma como os negócios se relacionam com o tema da saúde mental.
Entenda o papel das empresas daqui para a frente:
- 67% dos brasileiros já tiveram problemas que afetam a saúde mental;
- as questões financeiras são o principal gatilho dessa situação;
- isso tem sérios efeitos no ambiente de trabalho, como a falta de concentração;
- mas a quantidade excessiva de tarefas também leva a doenças emocionais.
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Os públicos mais afetados pela crise de saúde mental
Os problemas de saúde mental afetam brasileiros de todas as idades, classes socioeconômicas e gêneros. O estudo “O impacto das finanças na saúde mental do brasileiro”, da Serasa, mostra que os sintomas mais comuns são:
- Ansiedade: 48%
- Estresse: 36%
- Dificuldade para dormir: 30%
- Depressão: 31%
No geral, 67% dos quase 1.800 entrevistados relataram já ter sofrido problemas que impactam a saúde mental. Porém, há uma evidente relação entre os públicos de renda baixa e o agravamento desses problemas.
Mais da metade das pessoas de renda baixa (52%) já sentiram ansiedade. Entre os indivíduos de renda alta, o número cai para 40%.
Isso também quer dizer que os mais jovens e as mulheres são os perfis mais propensos a desenvolver ansiedade. As mulheres, por exemplo, ganharam 20,9% a menos que os homens no setor privado em 2024, segundo o Relatório de Transparência e Igualdade Salarial. Elas ainda registram uma menor participação na força de trabalho. Então, na pesquisa da Serasa, 60% delas tiveram ansiedade, ante 34% dos homens.
O Panorama da Saúde Mental, idealizado pelo Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel, reforça que jovens e mulheres têm índices piores que pessoas mais velhas e indivíduos do gênero masculino. No caso dos brasileiros mais novos, além dos salários mais baixos no início de carreira, eles enfrentam o dobro do desemprego em relação ao grupo mais velho.
Dados mostram como os brasileiros procuram cuidar da saúde.
A saúde mental no ambiente de trabalho
Para a atualização da NR-01 ser levada realmente a sério, o mercado precisa abordar os efeitos das finanças pessoais na saúde mental dos colaboradores. Até porque os problemas se refletem na execução do trabalho.
De acordo com a pesquisa de saúde mental:
- 76% dos profissionais trabalham pensando só em pagar as contas;
- 76% passam a maior parte do tempo preocupados;
- 54% relatam mudanças de humor;
- 50% enfrentam perda de energia e disposição;
- 48% têm dificuldade de concentração no trabalho.
Mas o próprio trabalho é um dos maiores gatilhos para as doenças, ao lado de eventos traumáticos, problemas de relacionamento interpessoal e questões financeiras. Isso é o que mostra o estudo do QualiBest “Saúde Mental no Brasil”, de 2025.
No ambiente de trabalho, os fatores que mais levam às doenças emocionais são:
- Excesso de tarefas: 41%
- Má remuneração: 37%
- Falta de empatia diante de problemas pessoais: 34%
- Falta de perspectiva para o crescimento profissional: 29%
- Despreparo da gestão para lidar com a equipe: 28%
- Comunicação violenta entre as pessoas: 21%
- Colegas de trabalho: 20%
- Quantidade de dias trabalhados: 17%
- Ausência de folgas: 16%
- Mudanças frequentes realizadas pela empresa: 13%
A atualização da NR-01 aborda alguns desses itens. A norma obriga as empresas com funcionários em regime de CLT a identificar, avaliar e gerenciar os fatores de risco psicossocial no ambiente de trabalho. O foco agora não é mais na reação, mas na prevenção, e isso pode exigir mudanças culturais dentro dos negócios.
O papel das marcas e campanhas na saúde mental do público.
Incentivando o cuidado com a saúde mental no trabalho
Os brasileiros entendem, cada vez mais, que cuidar da saúde mental é cuidar da saúde total do indivíduo. Isso os têm levado a procurar atividades que reduzam os problemas como estresse e ansiedade para aumentar o nível de bem-estar geral.
Segundo o QualiBest, os brasileiros percebem como maiores aliados da saúde mental:
- Ouvir músicas: 57%
- Assistir a séries e filmes: 51%
- Passar tempo com a família: 44%
- Realizar atividades físicas: 41%
- Cozinhar: 35%
- Entrar em contato com a natureza: 30%
- Ler livros: 29%
Já uma pesquisa do Opinion Box coloca as atividades físicas, o tempo com a família e os amigos, e o cuidado com a alimentação como as atividades mais praticadas em prol da saúde mental. Entretanto, apenas dois em cada dez brasileiros fazem terapia propriamente dita.
As empresas então podem fortalecer o cuidado com a saúde mental incentivando os hábitos que os colaboradores já procuram ter na rotina, ou ajudá-los a incluir novas atividades que contribuam para o bem-estar.
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