O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou agora em maio a taxa Selic para 14,75% ao ano. Com o aumento dos juros, eles atingiram o maior patamar desde julho de 2006, quando chegaram a 15,25% ao ano. Isso afeta os mais diferentes setores da economia, mas um deles em especial: o mercado imobiliário.
Acompanhe os dados que o Negócios SC traz agora para você e veja a expectativa para o setor em 2025.
Destaques do mercado imobiliário:
- o setor deve crescer acima do produto interno bruto (PIB) em 2025;
- só no primeiro bimestre deste ano, a alta nas vendas foi de 17%;
- já os financiamentos tiveram um crescimento de 16% no trimestre;
- apesar disso, apenas 32% dos empresários estão confiantes no mercado.
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O impacto do aumento dos juros no financiamento imobiliário
A taxa de juros elevada é o principal problema do setor no País em 2025, de acordo com a Sondagem da Indústria da Construção, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Mais de um terço dos empresários (35,3%) têm essa como sua preocupação principal no momento.
O aumento da Selic, que ainda deve chegar a 15% ao ano nos próximos meses, preocupa o mercado imobiliário porque os financiamentos dependem da taxa básica de juros. Como resume uma nota divulgada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc): “Juros elevados restringem o acesso ao crédito, inibem investimentos produtivos e ampliam o custo da dívida para empresas e famílias”.
Os financiamentos têm uma participação expressiva na aquisição de imóveis no Brasil. Somente em 2024, o País registrou R$ 186,7 bilhões em financiamentos imobiliários com recursos da poupança, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No entanto, o valor em 2025 deve cair entre 15% a 20%, ficando em torno de R$ 155 bilhões financiados. O motivo número um para essa retração é, justamente, o aumento dos juros.
O impacto da inflação e do aumento dos juros no mercado.
Líderes do mercado imobiliário estão receosos
No levantamento “Termômetro Brasil”, do primeiro trimestre de 2025, a Brain Inteligência Estratégica aponta um cenário de pessimismo no mercado imobiliário em relação à economia brasileira. Na perspectiva para 12 meses, 50% dos empresários esperam uma piora econômica, 48% acreditam que a situação ficará igual aos 12 meses anteriores e apenas 2% apostam em uma melhora.
Em se tratando especificamente do mercado imobiliário:
- 16% esperam um cenário pior;
- 52% esperam um cenário semelhante;
- 32% esperam um cenário melhor.
Curiosamente, quando perguntados sobre as expectativas para as próprias empresas, 68% acreditam que estarão melhores nos próximos 12 meses. Inclusive, 18% esperam estar muito melhores.
Além dessa diferença entre a percepção do próprio negócio em relação ao mercado imobiliário, os líderes brasileiros se mostram muito mais pessimistas que nos demais países latino-americanos analisados pela Brain.
Na média da América Latina, 33% estão confiantes na melhora de suas economias nacionais, contra 15% que se preparam para um cenário pior. Enquanto isso, no mercado imobiliário, 60% esperam uma evolução no setor, ante os 4% com previsão de piora.
Pesquisa revela que quase metade dos brasileiros deseja comprar imóvel.
Perspectivas positivas para o mercado imobiliário brasileiro em 2025
O cenário é desafiador, mas há boas razões para as lideranças brasileiras alcançarem, no mínimo, o nível de confiança de seus pares latino-americanos. Aqui, podemos destacar quatro fatores.
Intenção de compra segue em alta
O aumento dos juros, que começou em 2024, não afetou a intenção de compra de imóveis no Brasil, segundo a Brain. O índice de novembro (46%) foi exatamente igual ao de setembro (46%) entre os interessados em adquirir um imóvel nos 24 meses seguintes.
Como resultado, a venda de imóveis no País cresceu 17% no primeiro bimestre de 2025, na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior, conforme os dados da CBIC.
Demanda por financiamentos está maior em 2025
Os reajustes da taxa Selic não afastaram o público nacional do financiamento imobiliário. Para a Abecip, o efeito foi o oposto: o valor financiado no primeiro trimestre de 2025 cresceu 16,2% frente ao mesmo período do ano anterior, chegando a R$ 38,3 bilhões.
O número de unidades financiadas também evoluiu nesse intervalo. O Brasil deu um salto de 10% nos três primeiros meses deste ano, somando 109 mil imóveis em novos financiamentos.
Economia brasileira crescerá perto da média latino-americana
A CBIC projeta um crescimento de 2% na economia brasileira em 2025. Como comparação, o Banco Mundial estima que o México permanecerá estável neste ano, o Chile crescerá 2,1% e a Colômbia, 2,4%, sendo que os mercados desses países estão muito mais confiantes que o nosso.
Ainda mais importante é a previsão da CBIC de que o mercado imobiliário no Brasil terá alta de 2,3% em 2025, portanto acima do PIB previsto para o ano.
Efeito do Minha Casa, Minha Vida
A ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, com a inclusão da Faixa 4 para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, traz mais uma expectativa positiva para o crescimento do mercado imobiliário.
Vale ressaltar que o programa tem menor impacto do aumento dos juros por contar com recursos do FGTS e subsídios públicos.
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