Perto do último quadrimestre de 2024, as empresas ainda têm boas chances para fecharem o ano com resultados positivos. Então, é importante ficar de olho nos planos de consumo dos brasileiros até lá, além de prestar atenção às barreiras econômicas que podem afastar o público nesse período.
Entenda a intenção de consumo no 2º semestre de 2024:
- 46% dos consumidores desistiram de comprar algo para pagar as dívidas;
- mas metade dos brasileiros creem que a situação financeira vai melhorar;
- boa parcela do público está esperando uma boa oportunidade para a compra;
- roupas, calçados, móveis e eletrodomésticos têm a maior demanda reprimida.
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Por que a intenção de consumo dos brasileiros não aumenta?
A intenção de consumo não avançou em 2024, apesar do crescimento do varejo e dos serviços no primeiro semestre do ano, segundo os indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelo contrário, a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), reflete um recuo. O índice estava em 105,9 pontos no início do ano, mas em julho caiu para 101,5 pontos.
Então, o que está por trás desse resultado?
Endividamento
Em um ano, houve pouca mudança no nível de endividamento do consumidor brasileiro. Oito em cada dez pessoas no País ainda estão endividadas, segundo a CNC. Inclusive, nos últimos meses, o percentual de famílias com dívidas em atraso tem sido bastante persistente, entre 28,6% e 28,8%.
Custo de vida
Os brasileiros têm dificuldade de reduzir as dívidas porque a maior parte do orçamento está comprometida com as necessidades básicas. Isso é o que indica a pesquisa Termômetro de Consumo, da PiniOn para a Globo.
Os maiores gastos dos brasileiros em 2024:
- Alimentação: 63%
- Contas básicas da casa: 54%
- Medicamentos e saúde: 28%
- Aluguel ou prestação da casa: 27%
Roupas e eletrônicos, por exemplo, aparecem somente em 17% e 16% dos casos, respectivamente.
Os consumidores vêm adotando diferentes estratégias para dar conta das compras básicas do lar. Eles procuram sempre comprar em promoções, visitam lojas para comparar preços, experimentam novas marcas e até cortam alguns itens do orçamento.
Desastres climáticos
Para complicar, os desastres climáticos no Brasil apresentam consequências econômicas e bastante diretas no orçamento familiar. No Rio Grande do Sul, 397 municípios foram afetados pelas enchentes no último trimestre. O Instituto Locomotiva e a PwC apontam nesse sentido que 49% dos brasileiros enfrentaram algum alagamento em anos recentes.
Enquanto isso, o Brasil tem mais de mil cidades em situação de seca extrema ou severa em 2024. Oito estados das regiões Norte e Nordeste bateram o recorde de seca que durava 40 anos, segundo o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
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O segmento de vestuário tem a maior demanda reprimida de consumo. (Foto via Freepik)
A demanda reprimida por vestuário, móveis e eletrônicos
Há, no entanto, um grande desejo de comprar por parte do consumidor. De acordo com o Termômetro de Consumo, 46% dos brasileiros só não realizaram a compra porque tinham outras dívidas para pagar primeiro. Cerca de um quinto do público ainda preferiu esperar uma oportunidade melhor.
Roupas, calçados, móveis e eletrônicos estão presentes na intenção de compra dos brasileiros. Mas esses planos de consumo aguardam um momento mais propício.
O que o consumidor planejou comprar, e não comprou?
- Roupas ou calçados: 20%
- Móveis: 15%
- Smartphones: 15%
- Eletrodomésticos: 14%
- Televisores: 13%
- Produtos de utilidade doméstica: 12%
- Roupas ou tênis esportivos: 11%
- Produtos de autocuidado: 11%
- Itens de informática: 11%
- Materiais de construção: 10%
Isso traz uma grande expectativa para os preços da Black Friday 2024. Tanto que quatro em cada dez brasileiros já planejaram comprar na data, conforme uma pesquisa da Globo.
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Os planos de consumo dos brasileiros até o final de 2024
Apesar dos desafios financeiros, os brasileiros se mantêm otimistas. Metade dos consumidores acredita que a situação vai melhorar ainda em 2024, segundo o Termômetro de Consumo. Isso envolve planos para comprar tanto os itens mais básicos que estavam aguardando quanto os bens duráveis.
Itens do dia a dia
Roupas e calçados estão no topo dos planos de consumo dos brasileiros para este semestre. Em seguida, temos os produtos de autocuidado, eletrodomésticos e móveis.
Intenção de compra para os próximos meses:
- Roupas e calçados: 30%
- Produtos de autocuidado: 19%
- Eletrodomésticos: 17%
- Móveis: 17%
- Roupas ou tênis esportivos: 17%
- Produtos de utilidade doméstica: 15%
- Smartphones: 15%
- Televisores: 14%
Bens duráveis
Além dos itens mais básicos, os brasileiros estão pensando no longo prazo. À PiniOn, 16% dos entrevistados afirmaram ter uma grande chance de comprar um carro neste semestre. Outros 17% disseram que consideram essa possibilidade em menor grau.
Já em relação aos imóveis, 16% relataram o desejo de comprar, enquanto 12% querem alugar.
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O consumo dos brasileiros no segundo semestre de 2024
Como está a intenção de consumo dos brasileiros em 2024?
Houve uma ligeira queda nesse indicador de janeiro a julho, de acordo com a CNC. Os motivos vão desde o endividamento das famílias, passando pelo alto custo das necessidades básicas, como a alimentação e a moradia, até os desastres climáticos.
O que o consumidor está esperando para voltar a consumir mais?
Ele está focado em pagar as dívidas ou espera, ao menos, uma boa promoção para comprar os itens que não considera tão urgentes.
Quais são os planos de consumo até o fim do ano?
Estão no topo da lista roupas, calçados, produtos de autocuidado, eletrodomésticos, móveis, produtos de utilidade doméstica, smartphones e televisores, que configuram uma demanda reprimida de consumo.
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